quinta-feira, 26 de junho de 2014

Arguidá - Otávio Mota

“ARGUIDÁ”



A raiz da mandioca
Ta no ponto
A colheita vai começar
Pra fazer o beiju, a tapioca, a puba, o fubá

Pra torrar a farinha é preciso o alguidar
O tacho de barro
O tacho que traça
O tacho que o índio inventou
O tacho que ao som do pandeiro
e
do Tambor
se Manifesta:
Com muita alegria
Com o povo cantando
e
Dançando
No molejo do samba de roda
Na coreografia
Na marcha que marcha
Na condução do novo tacho
da
Sede até a casa de farinha
O novo tacho chegou!
Pra gente do lugar festejar
“Cadê a minha fulô
Fulô vem cá!
Cadê a minha fulô?
Pra infeitchar meu arguidá”


















Assim pronunciando
Desta maneira
Na língua que o povo
o
Batizou “Arguidá”
Deus de barro da roça...
Artefato que a vários séculos
Sustenta
os Moradores
da
Beira do Rio Jiquiriçá
Na zona rural de Valença.
do
Barro do chão
do
Índio, do negro e do mulato
do
Chão que a mandioca brotou
do
Barro do chão
e
Da felicidade da crença
do
Chão que o índio cultivou
“Eu queria ser mandioca
De sutinga verdadeira
Pra andar de mão em mão
E no colo da cevadeira”.



Otávio Mota

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